segunda-feira, outubro 01, 2007

Se os familiares deste casal tivessem sido "explorados" aki a centenas de anos atras..tinham mais sorte..




O galinheiro onde a vizinha Maria guarda a sua bicharada tem melhor aspecto do que a meia dúzia de tábuas coberta por chapas de zinco a que, pomposamente, Francisco Teodósio Picado chama “a minha barraca”.

A ‘habitação’ onde coabitam Francisco Picado, de 61 anos, e a mulher Leonor Maria dos Santos Rita, de 58, está implantada no sítio dos Moinhos do Grelha, em pleno Parque Ribeirinho, nas traseiras do Teatro de Faro.

Dois metros quadrados de tábuas, onde se amontoam um colchão e os parcos pertences do casal num armário “que recuperei ao lixo”, explica Francisco Picado.

Mas as queixas deste sexagenário, que ajuda no restaurante da vizinha, enquanto a mulher trabalha noutro estabelecimento de hotelaria da cidade, nem são para o frio e a chuva que, no Inverno, lhes invade a barraca, males que uma manta e o mudar do local da cama não resolvam.

“O pior é a bicharada”, afirma, garantindo que os ratos e as cobras são tantos que “não consigo dar conta da tanto bicho”, confessa, na esperança de que “não se aproveitem do nosso sono para nos roerem”.

Ex-funcionário da Câmara de Beja, durante 13 anos, com três filhos já casados, “cada um com a sua vida”, Francisco Picado está há 15 anos em Faro “a viver de biscates” e sem direito a nenhum apoio.

“Só o presidente da Junta de Freguesia de São Pedro esteve cá”, explica, desiludido com o apoio prestado. “Colocaram uma tenda, mas sem porta, o que nos impede de utilizá-la, pois roubavam-me tudo, mal desse costas”, garante.

Os banhos, num balde e as necessidades despejadas ao ar livre, confirmam a miséria.

Vítor Lourenço, presidente da Junta de Freguesia de São Pedro, diz “ter sido alertado para este drama há um mês” e que “ficou espantado com o quadro que presenciou”.

O autarca começou por oferecer uma cama de casal, “que, infelizmente, nem coube na barraca”. Depois, mandou colocar uma tenda, “que o casal não utiliza invocando falta de segurança”.

Sem outra solução, Vítor Lourenço chamou a PSP “para que elaborasse um relatório para a assistência social”, mas reconhece que o problema tem solução difícil, numa autarquia “que apostou na construção de estádios de futebol e de teatros, em vez de habitação social”, denuncia

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