Sociais-democratas e democratas-cristãos sofreram o maior revés de sempre
Extrema-direita multiplica votos na Áustria
29.09.2008
Os partidos da coligação governamental sofreram uma quebra acentuada e a extrema-direita deu um grande salto nas legislativas antecipadas de ontem na Áustria, segundo os resultados oficiais divulgados ao início da noite. Em qualquer dos casos, para os partidos tradicionais e para os da extrema-direita, falava-se ontem de um dia histórico.
Já ao meio da tarde local, estimativas do instituto ARGES para a agência de imprensa APA e do SORA para a televisão ORF apontavam o Partido Social-Democrata (SPÖ) e o Partido Popular (ÖVP, democrata-cristão) como os grandes perdedores da jornada.
Confirmava-se horas depois: o primeiro obteve 29,7 por cento dos votos, menos cinco pontos do que em 2006, e o segundo 25,6, menos oito e meio. Nunca na história recente austríaca, e mesmo na antiga, desde o nascimento da república em 1918, das cinzas do Império Austro-Húngaro, qualquer dos dois tinha caído tão baixo.
Pelo contrário, os partidos de extrema-direita galoparam no escrutínio. Segundo as mesmas sondagens, os “liberais” do FPÖ, de Heinz-Christian Strache, ficaram com 18 pontos percentuais, e a Aliança para o Futuro (BZÖ), do reaparecido Jörg Haider, com 11 por cento, mais do que se previa, que era 8, e três vezes mais do que há dois anos.
Verdes baixam para quinto lugar
Os Verdes também saíram enfraquecidos. Conquistaram 9,8 por cento, menos um ponto e meio do que tinham, passando da terceira para a quinta posição dos mais votados.
Esta era a contagem, praticamente definitiva, quando falta apenas apurar os votos por correspondência. Os resultados finais só deverão ser conhecidos no dia 6 de Outubro.
À vista dos números, as agências concordavam ontem que eles são o resultado da paralisia que dominava há meses a coligação do chanceler social-democrata Alfred Gusenbauer e o país. Os sociais-democratas de Werner Faymann, de 48 anos, escolhido pelos seus para substituir o chefe do Governo, que perdera a confiança dos militantes, não se entenderam com os democratas-cristãos do vice-chanceler Wilhelm Molterer, de 53, o que levou ao divórcio, em Julho, a que se seguiu a convocação, pelo Parlamento, de eleições antecipadas.
Entre outras coisas, não se puseram de acordo sobre a reforma fiscal e o aumento do custo de vida - o grande tema da campanha eleitoral.
Depois de somarem todos os créditos, as agências faziam ontem contas às alianças possíveis. Se é certo que quer o SPÖ quer o ÖVP mantêm a dianteira, também é verdade que os dois dificilmente voltarão a trabalhar a sós, colocando-se o problema então de uma aliança a três. Os “liberais”, agora na terceira posição, quererão naturalmente ser ouvidos. E o grupo de Haider também.
Heinz-Cristian Strache, de 39 anos, chamou a si a vitória do seu partido. “Consegui em apenas três anos multiplicar o score por dez”, disse em entrevista à ORF, explicando que agarrou no partido em 2005, quando ele tinha “entre 2 e 3 por cento”.
Analistas citados pela BBC admitiam que a extrema-direita poderá entrar numa coligação, mas só depois de esgotadas todas as outras hipóteses. Esta possibilidade incluiria uma grande coligação com os Verdes e os dois outros pequenos partidos, o Fórum Liberal e a lista DINK, se ultrapassarem os 4 por cento exigidos para entrar no Parlamento, o que ontem não era claro.
Dos 6,3 milhões de eleitores, votaram 70 por cento, menos 8,5 por cento do que em 2006. Mas 183 mil tinham entre 16 e 18 anos.
quarta-feira, outubro 15, 2008
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